Quem nunca teve um erro em seu layout? E aquelas aparas que são jogadas fora após a impressão? São perdas e erros que devem ser previstos no trabalho do gráfico. Que tal discutirmos um pouco o assunto hoje?
Erros gráficos
Você faz o layout com toda a atenção. Mas são 10 cartões e cada um tem sua particularidade. Pra não se comprometer, Faz um JPG e manda para o seu cliente.
Ele recebe! Diz que está lindo de morrer e que está tudo certinho! Você manda para a produção, entrega para o cliente, dias depois ele liga reclamando que um número de telefone está trocado.
O erro pode ser dele ou mesmo seu. Mesmo que você tenha a aprovação do cliente, fica o problema de ter que refazer o material. Para o cliente não custa nada você repetir o serviço. Ele não vê os custos envolvidos no processo. Acha que tudo que você recebeu é lucro e que o custo de material é irrelevante.
Por sua vez, você sabe que sua margem é apertadíssima. Assumir o erro implica em acabar com o lucro de uns 4 cartões dos 10 feitos. O que fazer?
Se você for pensar apenas nesse serviço, com certeza não vai refazer o serviço. Mas será que esta é uma boa opção?
E se este mesmo cliente, logo em seguida, resolver fazer panfletos, pastas ou outros materiais de maior valor agregado. Como é que fica? Será que não vai optar por um concorrente?
Maneiras de contornar o problema
Independente de quem vai pagar a conta, resolver os problemas dos clientes é uma obrigação de todo bom vendedor.
O cliente não está simplesmente comprando um produto. Ele está de olho na solução de seus problemas. Hoje podem ser uns simples cartõeszinhos. Amanhã pode ser algo bem maior.
Detectar o problema é muito importante. Ter tato também. É necessário mostrar ao cliente que houve um erro. Que esse erro se deve a um erro humano na sua produção e a outro erro também humano na conferencia da amostra.
Por si só a amostra poderia te excluir de qualquer responsabilidade. Mas aqui, apurar simplesmente responsabilidades é o menos importante. É hora de mostrar ao cliente que você está preocupado com ele e não simplesmente com a venda.
É a hora do diferencial!
Seu concorrente possivelmente irá mandar o cliente “catar coquinho”. Por que não ser diferente. Dependendo do custo, você pode assumir totalmente a conta. Deixa ela sair da sua verba de propaganda, afinal, propaganda não é para conquistar clientes?
Nos casos mais caros, com prejuízos maiores, proponha rachar a diferença. Facilite o que puder para o cliente. Abra seus custos. Faça esse serviço específico de graça, cobrindo apenas os custos. Digamos que você gastou R$ 700 e cobrou somente R$ 1000 pelo serviço. O custo de refazer será de R$ 700, ou seja, um total de R$ 1400 nos dois serviços. Faça o seu cliente pagar os R$ 400 pelo erro de atenção. Assim ele passa a prestar mais atenção nos próximos pedidos e não fica tão chateado com você!
Se ambos estiverem sem verba, proponha uma reposição parcial, de modo a empatar as contas.
Atender bem o cliente também pode ter implicações financeiras.
Afinal, você quer ter o cliente apenas para um serviço, ou mantê-lo por vários anos?
Perdas de processo
E no nosso processo? Como encarar aquele papel das bordas do serviço, as aparas, aquele cartão que pegou um fiapo de estopa durante a impressão destruindo todos os cartão daquela posição?
As perdas de processo fazem parte de nosso dia a dia. Devem ser computados em nossos custos. Por mais que façamos programas de qualidade total, sempre haverão perdas. Elas são inerentes ao processo.
Fazer de conta que não existem ou jogar o problema para um funcionário descuidado pagar, só vai postergar o problema. Um dia ele vai sair da empresa e colocar tudo na justiça. E sabe o que vai acontecer? Vai receber tudo de volta! E não vai ter mais como ratear esta perda nos serviços, vai virar de fato uma despesa.
Podemos minimizar o problema, estudando bem a nossa linha de produção, verificando a quantidade de produtos na chapa, tomando os devidos cuidados na hora da impressão.
Algumas providências podem não parecer tão obvias. A quantas andam a iluminação da sua produção. Tem luz abundante? Uma iluminação deficiente pode estar atrapalhando o seu impressor ou cortador de executar bem sua função. Raramente ele vai reclamar que a luz está fraca. Provavelmente vai forçar a vista até que ela realmente comece a comprometer o resultado do trabalho.
Parar para analisar a distribuição dos produtos na chapa, a margem de pinça e de roletes, pode também fazer a diferença. É muito comum a parte de arte final e a de produção não se comunicarem a contento, uma dificultando a vida do outro. Por vezes, há grande perda de material, por usar uma distribuição que não é a ideal para aquele equipamento.
E o que fazemos com as perdas?
Monetariamente as perdas devem fazer parte do custo de produção. Basta incluí-las nas contas e ponto final.
Mas há outras coisas que podem ser providenciadas para reduzir os custos.
Direcionar as aparas para reciclagem. Reciclar chapas que nunca serão repetidas.
Nós, gráficos, somos grandes poluidores natos.
Uma gráfica pequena não tem como fazer usinas de reaproveitamento de água. Ela simplesmente joga o resíduos no esgoto! Praticamente não existem soluções! Que tal pensar em algo nesse sentido?
Antes de sairmos divulgando que fazemos cartões ecológicos, simplesmente por que usamos papel reciclado, não seria melhor descobrirmos para onde vai as sobras de nosso processo?
Mas por que eu citei isto?
Bem. Existem empresas realmente interessadas em trabalhar com fornecedores que cuidam de seus resíduos. E elas estão dispostas a pagar mais por isso! Quem sabe não é uma oportunidade de se diferenciar dos concorrentes e pegar umas boas contas de empresas de porte. Já pensou nisso?
Conclusão
Erros e perdas fazem parte de qualquer tipo de negócio.
Conhecê-los nos ajuda a trabalhar melhor e pode até trazer benefícios para empresa.
Reveja agora seu processo e estude o que pode ser feito para melhorá-lo.
Espero que tenha gostado deste post e possa trazer mais alguns aspectos através dos comentários.
Um abraço a todos.
Amigo Paulo, tudo bem? Já pensou em fazer um post sobre um orçamento gráfico. Ex. Um cliente te liga pedindo 10 blocos A5 com papel copiativo 100 folhas cada, vc passa o preço e logo em seguida ela pergunta quanto ficaria se fosse 50 blocos. Pelo que eu entendi o custo maior do processo gráfico está no início, mas não conheço detalhes disso. Tenho uma gráfica digital e quando aparece serviços offset fico meio sem embasamento. Se puder explanar isso melhor, se aproveitando da sua larga experiência. Ficarei muito grato. Obrigado.
Me notifique por e-mail por favor
feito
Jonathan,
nessa postagem aqui eu abordo um pouco esse tema:
https://cardquali.com/quanto-ganha-um-designer/
Complementando a resposta, voce precisa tomar um pouco de cuidado com essa redução de preços que não é bem assim.
Antigamente, o custo de arte final, o fotolito, chapa e tempo de acerto de maquina realmente davam uma diferença grande no seu preço final, valendo a pena fazer tiragens maiores. Isso era no tempo da offset.
Hoje, os grandes distribuidores já rateiam esse custo entre diversos clientes na mesma chapa, tornado essa redução um pouco mais timida.
No seu caso de impressão digital ela praticamente não existe, pois o custo de 1 folha impressa é constante, independente a tiragem.
Tem o custo de tempo de acertar o papel na maquina, fazer as primeiras impressões, mas nem chega perto dos custos com a offset.
Para calcular esses custos preste atenção no tempo que perde em cada etapa do processo e coloque preço no seu tempo. Some a isso os custos de material e o seu lucro e terá o valor correto para cobrar o cliente.
Eu posso no futuro fazer uma postagem assim… mas perceba que ela varia muito com a realidade de cada empresa. Cada caso é um caso e o preço é algo bem particular da empresa.
Precisando de ajuda me contata de novo me passando mais detalhes.
Abraços,
Muito interessante. Pequenos detalhes que fazem a diferença.
Já pensou pegar um Santander ou Bradesco como cliente?
Quantos não querem isto?
Abraços,